A base confirma: Santos de alegria, de ousadia e de sorte

Ângelo e Marcos Leonardo dançam ao comemorar o gol da vitória do Santos contra o Juventude, pelo Brasileirão 2022
Ângelo e Marcos Leonardo dançam ao comemorar o gol da vitória do Santos contra o Juventude, pelo Brasileirão 2022 / Divulgação/Santos FC
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O ano é 2002. Em 13 anos de vida não vi meu time vencendo títulos importantes. Não acompanhei os chamados "meninos da Vila" em 1979, mas assistia ao técnico Emerson Leão montar um time com muitos garotos da base, única solução para nossos problemas financeiros, nada de novo na rotina do torcedor do Santos. Surgia uma nova geração vencedora. Dribles, tabelas absurdas, sorrisos e danças nas comemorações. O talento surgia em casa, um golpe de sorte.

Alguns anos se passam. O ano é 2010, uma nova safra de meninos surge. Todos desacreditam, mas o torcedor santista já conhecia essa história. Neymar, Ganso e companhia, uma nova geração vencedora, Libertadores, Copa do Brasil, Estaduais, enfim. O Brasil parou para assistir àquele time, era arte, era alegria (e ousadia), as danças voltaram e a sorte nos sorria novamente.

Neymar, camisa 11 do Santos em 2010
Neymar, camisa 11 do Santos em 2010 / MAURICIO LIMA/GettyImages

Agora escrevo essas palavras no ano de 2022. O time vem com sérios problemas financeiros, péssimas gestões. Mas os meninos estão lá novamente. A palavra sorte já não pode descrever o que é histórico, o que é nosso, a melhor categoria de base do Brasil. Sabemos que a saída é apostar nos meninos: Marcos Leonardo, Ângelo, Sandry, Lucas Pires, Rwan, Lucas Barbosa, Kayque, enfim, conhecemos essa história e reconhecemos o talento.

Paciência talvez seja o segredo. Como santista, aprendi a relevar os erros dos meninos quando chegam no profissional, a procurar lampejos de genialidade, algo diferenciado, um passe imprevisível, uma finalização, dar tempo ao tempo. Cobramos muito dos veteranos, que são parte vital da renovação. Eles precisam assumir a responsabilidade para que os meninos possam brilhar.

Ontem estava sentado no meu sofá, assistindo ao Santos jogar no frio do Sul do país. Jogo complicado, pobre tecnicamente. Dois meninos da Vila saem do banco de reservas. Em alguns minutos fazem uma tabela, uma finalização precisa, e viramos o jogo. Os dois vão para o lado do campo, começam a dançar, abro um sorriso, me emociono, a alegria está de volta.

Alguns clubes do Brasil possuem DNA, uma maneira de jogar que a torcida espera. O Santos joga com alegria, pra frente, sem medo. Somos o clube com mais gols na história do futebol, somos o time de Pelé, Neymar, Rodrygo e de tantos outros meninos que ganharam o mundo. Mas, para simplificar, melhor dizer: somos um time com sorte!