5 motivos que explicam o rebaixamento do Ceará para a Série B do Campeonato Brasileiro

Desolado, Vina chora após o revés que sacramentou o rebaixamento do Ceará
Desolado, Vina chora após o revés que sacramentou o rebaixamento do Ceará / Victor S Fernandes/W9 PRESS/GAZETAPRESS
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No ano de maior orçamento da história, o Ceará encerra a temporada rebaixado. A missão final, em teoria, passava longe de ser complicada. Vencer o Avaí na Ressacada poderia levar a briga à rodada derradeira. Mas, em campo, com direito a pênalti desperdiçado por Mendoza, o Leão da Ilha triunfou por 2 a 0, gols de Natanael e Mateus Sarará.

No último capítulo da melancólica campanha, Vina desabou em completo desolamento. A queda, que parecia completamente impossível quando o Vozão vivia dias de glória na Copa Sul-Americana, agora é real, palpável, dolorosa e definitiva. A caminhada recomeça. Abaixo, nós listamos cinco motivos que podem explicar o descenso do Ceará.

1. Quatro técnicos em 1 ano

Tiago Nunes, técnico do Ceará
Vozão abriu 2022 com Tiago Nunes / Pedro Vilela/GettyImages

Tiago Nunes iniciou a temporada, mas durou apenas 13 partidas. As eliminações na Copa do Nordeste e no Campeonato Cearense sacramentaram o precoce fim do casamento. Dorival Júnior - que interrrompeu o trabalho para assinar com o Flamengo - chegou para substituí-lo e trouxe consigo os melhores momentos do clube em 2022. A saída do treinador abriu margem para a chegada de uma sequência de técnicos que não deram certo: Marquinhos Santos, Lucho González e, para encerrar optou pelo interino Juca Antonello. As equivocadas escolhas deixaram o Vozão sem um símbolo de segurança na área técnica durante a maior parte do ano.

2. Quem assume o protagonismo?

Jô, centroavante do Ceará
Importantes investimentos do Vozão não deram resultado / Andre Borges/GettyImages

Dentinho, e Guilherme Castilho, sendo o último a maior contratação da história do futebol cearense, mobilizando R$ 9,6 milhões, não renderam nem perto do esperado. Outras peças que, pela experiência, deveriam ter assumido o protagonismo, como Lima e Vina, não conseguiram chamar a responsabilidade. Sem segurança na área técnica e muito menos dentro das quatro linhas, o Vozão foi aos poucos sucumbindo.

3. Desconexão entre clube e torcida

No dia 16 de outubro, durante um embate entre Ceará e Cuiabá, na Arena Castelão, Jô garantiu o empate para os mandantes aos 46' do segundo tempo. Restavam ainda sete minutos de bola rolando, mas o duelo precisou ser encerrado antes. A confusão da torcida alvinegra nas arquibancadas chegou aos gramados. A cena, uma das mais lamentáveis desta Série A, evidenciou a desconexão entre clube e torcida. Times até sobrevivem sem bons técnicos ou atletas de destaque, mas nunca sem seus torcedores.

4. A constante luta contra a queda

Lucho González, ex-técnico do Ceará
Vozão flertou demais com a queda / Pedro Vilela/GettyImages

Foram cinco temporadas consecutivas na Série A. Em três delas - 2018, 2019 e 2021 -, o Vozão de algum modo flertou com a possibilidade de ser rebaixado. Nem sempre o enredo de Tiago Nunes, que colocou a equipe na Sul-Americana depois de muitos tropeços no ano passado, irá se repetir. Se um clube está frequentando demais as últimas posições da tabela, algo precisa ser mudado antes que seja tarde demais. Agora é tarde demais.

5. Sonho da Copa Sul-Americana

Vina, meia do Ceará
Sul-Americana custou muito ao Ceará / YURI CORTEZ/GettyImages

Encerramos com o mais melancólico dos motivos. A campanha praticamente perfeita na fase de grupos da Copa Sul-Americana deu ao Vozão a possibilidade de sonhar. A queda veio somente nas quartas de final para o São Paulo - e nos pênaltis. Quando o Vozão percebeu, o fantasma do rebaixamento estava próximo demais para ser espantado. Com elencos curtos, até os sonhos precisam ser regrados. Privilegiar Copas e ainda se manter bem no Brasileiro é para pouquíssimos. Ceará e Atlético-GO perceberam isso tarde demais.